Aterros- Resíduos perigosos julho 15, 2015
FONTE: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/reportagem/reporter-tvi-negocios-sujos
São Pedro da Cova, em Gondomar, era o maior aterro clandestino do país e continua a ser. Catorze anos depois do depósito de 320 toneladas de resíduos tóxicos, o aterro continua sujo, com resíduos tóxicos, mesmo depois de em 2010 o Estado ter reconhecido a perigosidade dos materiais ali depositados.
Pelo caminho, encontrou nomes de figuras públicas, políticos, estruturas partidárias, altos funcionários do Estado e firmas privadas. Cavaco Silva, Nuno Melo, Marco António Costa, Durão Barroso e Valentim Loureiro, são as personalidades que direta ou indiretamente estão ligadas a esta sucessão de acontecimentos.
Tudo começou em 2001, com a privatização da Siderurgia Nacional, decretada em 1994 e adjudicada em 1995, no último Conselho de Ministros de Cavaco Silva. O Estado assume a responsabilidade pelo passivo ambiental histórico, estimado em 97.500 toneladas de resíduos perigosos, acumulados durante 20 anos a céu aberto e sem tratamento prévio na fábrica da Maia.
Terá o Estado recebido, como contrapartida da delapidação de uma das unidades produtivas da economia nacional, o suficiente para lidar com o passivo ambiental que assumiu? É a primeira dúvida. Os resíduos perigosos da Maia já custaram ao erário público mais de 30 milhões de euros. A partir da privatização da Siderurgia imperou a lei do silêncio.
Há um processo-crime que corre em Gondomar, que está pendente há cinco anos e que, até agora, nenhum resultado concreto produziu. Há ainda processos comerciais, apresentados por lesados na comarca do Porto, que se arrastam há sete anos.
A remoção do passivo ambiental da Siderurgia Nacional Maia, uma empreitada atribuída pela empresa 100% pública “Urbindústria” ao consórcio privado ” Terriminas/Vila Rei”, começa em maio de 2001. Os resíduos existentes no parque da Maia estão classificados como perigosos desde 1996. Dois anos depois é feita uma primeira tentativa de transferência dos resíduos para a pedreira do Valado, no Lugar do Valado, no concelho de Valongo. Nessa altura, é vereador do município de Valongo Marco António Costa, atual vice-presidente do PSD, um homem com notória influência e poder no maior partido da coligação que está no poder.
Só que apesar das tentativas, a operação é recusada. Altos quadros, da então Direção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território, empenham-se em encontrar uma solução para os resíduos. A opção é São Pedro da Cova.
A TVI sabe que toda esta operação permitiu a muita gente meter ao bolso mais de dois milhões de euros. O processo-crime para aprovar essas suspeitas foi arquivado, curiosamente, os deputados continuam convencidos do crime, mas nada fazem nem sequer convocam uma comissão parlamentar de inquérito. Feitas as contas, estamos a falar de 420 mil contos, mais de dois milhões de euros.
Um ex-administrador da atual da empresa “Urbindústria”, atual “Baía do Tejo”, afirma que esta operação é “mentira”.
“Mesmo que fosse verdade, eu não lhe ia dizer que era verdade, como deve calcular. Não é? Mas é mentira. No fundo, é mentira. Não há provas. E, por conseguinte, há uma coisa que lhe vou dizer: se qualquer pessoa me acusar disso, vai logo para tribunal, já lhe digo, isso é de caras…”, afirmou o ex-administrador numa declaração conseguida numa esplanada no Seixal, acrescentando estar “tranquilo” com as suas afirmações.
As suspeitas de fraude e de corrupção acumulam-se. Simões Cortez, engenheiro, participou diretamente no processo.
“Eu não posso adiantar mais, sabe porquê? Porque depois põem-me em tribunal e como é que eu provo?”, afirmou.
É a acusação possível. São Pedro da Cova é sinónimo de impunidade generalizada ontem como hoje.
Um site a consultar … julho 11, 2015
… sobretudo quando e férias o destino é desconhecido. 😉
Link: https://roteirosgeologicos.wordpress.com